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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Pesca de caniço mais perto da regularização

Em reunião com a Promotoria, Prefeitura, Ministério da pesca, Patrimônio da União, Associação de Pescadores e Polícia Militar conseguimos importante entendimento para a regularização da pesca de caniço no Rio Araranguá.

A pesca de caniço no Rio Araranguá faz parte da cultura e da história de nossa gente. Reconhecido pela sua fartura de peixes, pela qualidade de sua água e pela característica de trocar de cores, o Rio Araranguá é motivo de orgulho para a comunidade araranguaense.
Havia nas paredes do fórum, antes da sua reforma, o registro fotográfico da atividade pesqueira, que retratava pescadores com largos chapéus de palha, calças arregaçadas, empunhando o caniço em direção ao rio. Não se tem a precisão da data daquele registro, mas a qualidade da fotografia e a imagem retratada demonstravam que eram bastante antigas.
Historicamente a pesca de tainha com caniço teve seu início nas margens do Rio Araranguá. Ninguém conhecia este tipo de pesca e até duvidava da sua verdade, chegando a ser motivo de diversas reportagens para a televisão.
Hoje, em cidades como Torres, Tubarão e até nos molhes de Laguna esta modalidade de pesca está sendo praticada.
O tempo passou e a atividade da pesca de caniço permaneceu. Ganhou novos adeptos do esporte, novos métodos de pesca e nova estrutura.
Antigamente se desmatava a margem para pescar sentado em sua margem, sobre o barranco.
Depois vieram os trapiches fixos, ancorados nas margens e no fundo dos rios.
A evolução e a conscientização para a manutenção  do Rio Araranguá levou os pescadores a adotarem o uso de balsas flutuantes, com acesso único para diversas embarcações, minimizando o impacto ao meio ambiente e preservando a mata ciliar.
A organização dos pescadores através da Appa criou políticas e ações para manter uma pescaria digna e sem impacto ao meio-ambiente.
Foram banidas as pescas com garatéia e redes no Rio Araranguá. Foram elaboradas campanhas de conscientização ecológicas, campanhas de limpeza do rio, plantio de árvores na orla, fixação de placas de conscientização e as balsas foram pintadas em cores que buscam a harmonia entre a natureza e as embarcações.
Obedecendo a legislação da Marinha do Brasil foram instalados sinalizadores luminosos nas embarcações para garantir a segurança das embarcações que trafegam em nosso rio.
Agora sim podemos dizer que estamos vivendo um novo momento na pesca de caniço do Rio Araranguá, onde o pescador está diretamente envolvido e compromissado com a natureza.
Lamentamos que o assoreamento da barra de nosso rio esteja afastando outro tipo de pescaria: o de tarrafa, perseguindo o boto, que não entra mais em nosso rio porque a sua foz está muito baixa.
A pescaria de caniço é hoje acalanto e única alternativa para os pescadores profissionais de tarrafa, que tiram da pesca da tainha o sustento para sua família.
Dentre os pescadores que freqüentam o nosso rio, podemos destacar muitos oriundos de outras cidades e até de outros estados. No setor do turismo há muito para ser aproveitado. Um planejamento com medidas sustentáveis e retorno financeiro para as famílias ribeirinhas poderá ser viabilizado, para que a cultura da pesca de caniço não se embase somente na pescaria em si, mas no aproveitamento comercial com artesanato, culinária e atividades que possam tirar proveito da freqüência de pescadores e turistas.
Desta forma acreditamos que, com os trabalhos de conscientização e fiscalização da Associação de Pescadores Profissionais e Amadores de Caniço do Rio Araranguá, somados aos trabalhos dos órgãos competentes, podemos ter um ganho de qualidade e dignidade para os seres humanos e a natureza.

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